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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dirty Names – rock contemporâneo



Dirty Names – rock contemporâneo

Toda obra humana é provisória! Mesmo o que resta vai desaparecer. Chegará um dia em que o Partenon não existirá mais. É mais honesto abordar a arte sabendo que ela é provisória e irá desaparecer. Como tudo que existe enquanto se pode observar, ou melhor, experienciar. Então porque temos a necessidade de fixar as coisas?
Pensando nestas questões; que angustiam e chegam a dar medo, e pensando ainda em fugir de ensaios, foi idealizado o projeto Dirty Names, um encontro de músicos para tocar rock ao vivo sem que nunca tenham ensaiado juntos. A idéia surgiu a partir de como as bandas das quais participei sempre compuseram; assim: simplesmente tocando! Num sistema caótico de desenvolvimento e organização. E o objetivo é realizar composições instantâneas. Nada de cover, nada de ensaio, espontâneo e direto.
Dirty Names é formado por mim, Asdra Martin (The Dolls e Marte Attaca), Lucci Barbi (B-Driver e Dellamarck), Edu Passold (Produto), Marco Martins (Nicotines e Pornô de Banca) e Gustavo Cabeça.
Um outro objetivo ainda pode ser o de formar uma banda pela contramão. Ao invés de fazer uma banda para fazer shows, quem sabe fazer shows para formar uma banda, e deixar as composições irem se fixando com o tempo, sem pressa nem obrigações. De um modo honesto e despretencioso, lidando com a efemeridade de forma consciente, mas urgente.
Nosso primeiro show aconteceu dia 23 de junho deste 2011 no Festival da Música Independente, realizado por Zuleika Zimbábue no bar Taliesyn, no centro de Florianópolis e o resultado foi uma performance barulhenta e melódica. E pelo que vi satisfatória para público e banda. E na mesma noite já fomos convidados para dois outros eventos: a edição de julho da conhecida festa Devassa, do produtor cultural Tiago Franco e uma Matiné do Rock, festa do guitarrista do Pornô de Bolso domingos Longo em setembro no próprio Taliesyn.

Asdra Martin

Desterro, 24 de junho de 2011.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Faixa a faixa O.T. (Pornô de Bolso)


A banda florianopolitana Pornô de Bolso lançou no último domingo seu primeiro álbum chamado O.T. Disponível para download no site da banda http://pornodebolso.com/

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Escrever sobre a banda Pornô de Bolso sem ser tendencioso é bem difícil. Sou amigo íntimo do vocalista, conheço todos de longa data e, por isso, tentarei não fazer deste texto um inventário psicológico de Domingos Longo.

Na capa de O.T. (sigla para a expressão anglófona oral total) uma foto de autor desconhecido retrata a escadaria do Rosário em tempos remotos e inicia uma série de citações ao amor de Domingos pela cidade de Florianópolis. E o guitarrista e compositor da banda é assim mesmo: uma voz anônima, velho como o rock e simples como o passado. Mais à frente escutamos nas canções letras que falam do vento, de Itaguaçu, do Bom Abrigo, de conchas, etc. Mas o P.D.B. não é uma banda de reggae, nem de manébeat ou rock de praia! O que vem por dentro do albinho, além das fotos de folhetos de puta, é muito rock’n’roll: às vezes consistente – com referências sólidas de Stones e Neil Young; às vezes punk – raivoso, deprimido e adolescente. Como tem que ser!

De início um assobiozinho e estalar de dedos maroto abrem Vizinha, um bluezinho como os bons e VELHOS rocks gaudérios, com um vocal bêbado e incompreensível que nos convida pra uma festa íntima. Em Lamúria o bluezinho vira balada rock de decepção, mas com o dedo apertado forte no botão do foda-se. Esta música conta ainda com lindas slide guitars do produtor do álbum e atual baixista Rodrigo Alves.

Guitarras grunge que lembram MudHoney iniciam Concha, uma canção simples e direta com letras que fazem alusão a estados alterados de consciência.

A quarta música de O.T., Se Tu Andas; embora não faça nenhum crédito a isso, é uma versão. Sim. Um cover traduzido para o Português de If You Wander, da banda florianopolitana do fim dos anos `90 Skydivers, na qual eu cantava e ainda tinha Marco Martins na guitarra e Gustavo Cachorro na bateria. É uma balada descompromissada e bonita, meio depressiva, onde o vocal de Domingos parece tão sóbrio que as frases não cabem na métrica harmônica da música; resultando às vezes num inesperado e belo recitar da letra.

Frutas é minha favorita. Nela a guitarra volta ao grunge, os vocais estão em fúria e a letra não faz o menor sentido (Explica aí Domi!). Pra que mais?

A faixa homônima à banda P.D.B., é um punk juvenil com uma letra escrota (no melhor sentido da palavra!) e deliciosamente politicamente incorreta. Quase pedofílica. Eu escrevi isso? NOT!

Na sequência um rockzinho meio jovem-guarda de letra sexual de apenas duas frases é performado pelo nosso “cineasta doidão de carteirinha” Marco Martins. Minissaia ainda tem claps e um solinho blues que completam a festinha.

Veneno Sabor Rato começa meio metal arrastado, lembrando Iron Maiden (como numa ponte em P.D.B.). Mas a intro é breve e nos leva prum rock gaúcho moderno, mas de letra suja. Que dúvida!

A mais linda e última deste CD é Cavalo Solto. Digamos que se Neil Young fosse compor um punk seria este, definitivamente! Domingos aqui solta todo seu surrado sotaque de Caxias sem medo nem preconceito e com muita fúria. Para acabar esta bela canção viaja por dedilhadinhos e uivos e passa por um nervosismo desenfreado até chegar numa calma que só se sente chapado ao vento de Itaguaçu.

O CD de estréia da banda chega com atraso de uns dois anos, e ainda assim acompanha o tempo certo do amadurecimento da banda. Tal amadurecimento foi demonstrado no recente show de lançamento do disco, com Alan Stone muito mais solto na batera e ainda com a apresentação ao público do novo baixista da banda. Rodrigo Alves com certeza traz mais segurança e novo fôlego ao Pornô com suas linhas de baixo stoogeanas, e o trio neste show mostrou estar pronto a alçar novos vôos. Só tomara que não tenhamos que esperar tanto tempo de novo.



Asdra Martin



Desterro, 15 de abril de 2011.

sábado, 27 de novembro de 2010

HUGO RACE EM FLORIPA


Hoje a tarde estava falando com um amigo e o convidei pro show de Hugo Race. Ele me perguntou o que era e eu tive que dar Nick Cave como referência, e ele disse: “Ah, o Nick Cave é o Zé Ramalho inglês, né?”, e eu disse: “É! Mas a diferença é que o Zé Ramalho acredita em E.T.’s e lobisomens e tomava chá de jurubeba e o Nick Cave toma heroína na veia e só acredita na morte! Além de ele ser australiano!” Mas ok, fui no show do Hugo Race.

Pra quem não sabe ele foi guitarrista da banda The Bad Seeds do Nick Cave. Muitas músicas compostas naquela época – do Nick Cave and the Bad Seeds , nos anos 80 - foram de coautoria dele. Aquele homem que eu conhecia de vídeos se apresentou exatamente como eu imaginava: blazer e colete sobre camisa branca, calças justas, sapatos de bico finíssimo e cabelos desgrenhados, deixando no ar seu style cool de uma lenda subpop.

Eu não esperava muito do show, mas fiquei de cara quando começou o som: a banda não era nada demais, mas sua proposta me levou a um universo estranho de guitarras dissonantes e meio que mântricas, um baixo oitentista repetitivo e uma bateria bem marcada me faziam somente pensar em como aquilo se parecia com um filme de David Linch. Era isso! Aquele som era a trilha de um “road movie noturno” como nenhum cineasta havia jamais filmado! Com todas as cenas de perseguição e estupro necessárias.

A música era composta de forma tão simples que não se podia ter noção de começo ou de fim. Tudo nos fazia simplesmente ESTAR! Estar numa atmosfera soturna em um bar de rock que só se pode configurar se você passou pelos anos 80, e sofreu estes mesmo anos. Mas mesmo você jovem dos anos 90 iria curtir! Um pouco. Sorry!
As referências não são poucas: o próprio Nick Cave, Bauhaus, os contos de Sam Shepard, “all the road movies ever” e ainda se podia observar na noite o peso de se ter vivido os anos 80 e se ter consumido todas as drogas sintéticas e se ter vivido os tempos soturnos do rock mundial!

A atmosfera da noite se delineava pela atitude cool e misteriosa de Sir Hugo Race, sua guitarra neoblues, e sua banda, e tudo que foi deixado aqui foi um sentimento de gratidão por ele ter dividido conosco um pouco do seu universo sensualmente misterioso.

Talvez eu tenha sido meio romântico, mas não há trevas sem romantismo(vero!)! E os neovampiristas por aí deviam saber disso!

Asdra Martin.

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http://www.myspace.com/hugorace

http://www.youtube.com/watch?v=HPX1Q4gu40w